Ana nasceu em Almendral (Ávila), aos 10/10/1549, numa família pobre em bens materiais, mas riquíssima em virtudes cristãs. Quando tinha apenas dez anos, morreram seus pais, ficando ao cuidado dos irmãos que lhe deram o ofício de pastora, confiando-lhe o rebanho para guardar. Não se preocuparam os irmãos em ensiná-la a ler e escrever.
Na sua Autobiografia, esta bem-aventurada Carmelita conta-nos que nas longas horas que passava na guarda do rebanho, vinha o Menino Jesus ensiná-la a compreender os mistérios da vida e da fé.
Ana sentiu-se, na sua juventude, atacada por uma doença que quase a vitimou. Encomendou-se a São Bartolomeu e recobrou saúde.
Ingressou no Carmelo de São José de Ávila em 1570. Foi a primeira “leiga” da Reforma de Santa Teresa. Desde o início foi muito amada pela Santa Doutora. Por graça de Deus, méritos de Santa Teresa e obediência da própria, passou de simples irmã conversa e analfabeta a secretária particular da doutora mística. Deste modo chegou a ser discípula predileta e herdeira do espírito de Teresa, como o foi Eliseu do grande profeta Elias. Isto vem afirmado os processos da causa da beata Ana.
Entrou no convento de São José de Ávila e tomou o nome de Ana de S. Bartolomeu. Fez seus votos no dia 15/8/1572.
Na noite de Natal de 1577, Santa Teresa quebrou um braço. A partir de então, a Irmã Ana foi presença constante e companheira inseparável da Santa Madre, nos braços de quem Santa Teresa viria a morrer. Foi neste período, com 28 anos, que a Irmã Ana aprendeu a ler e a escrever, imitando a letra da Santa, a fim de se tornar na secretária particular da Madre Fundadora e também sua confidente, sendo, por isso, a pessoa que melhor conheceu Santa Teresa.
Como secretária, acompanhou Santa Teresa em suas peregrinações fundacionais. A Santa, reconhecendo o valor de sua colaboração e sua extraordinária santidade, chegou a dizer-lhe:
Ana aprendeu a escrever de modo milagroso.
Destacou-se sempre por sua imensa caridade, tanto para Deus quanto para com o próximo.
Quando morreu Santa Teresa, Ana foi escolhida para integrar a primeira comunidade que fundou o Carmelo na França, onde fundou vários conventos, dando maravilhosos exemplos de todas as virtudes. Em sua autobiografia, escrita por obediência, deixou-nos o registro das muitas graças místicas que experimentou durante sua vida, como fruto de seu grande amor à Humanidade de Jesus e ao mistério da Santíssima Trindade.
Foi seu grande sofrimento, desde o primeiro dia, não poder ter junto de si os carmelitas. Quando estes, anos mais tarde, chegaram a França elegeram-na como fundadora do Carmelo na Bélgica, onde chegou no ano de 1612, fundando em Antuérpia.
Foi admirável seu zelo pela salvação das almas, manifestado nas relações impostas por seu cargo de priora e fundadora. A fecundidade de sua vida encontra-se em sua comunicação assídua com Deus pela oração e em seu espírito de penitência. Pregando mais pelo exemplo que pelas palavras, formou muitas e santas filhas, que foram sua melhor coroa neste mundo e espelhos de suas virtudes diante de Deus e dos homens.
Suas qualidades eram as de uma verdadeira e genuína carmelita: adesão inquebrantável à Igreja, entranhado amor à sua Ordem e ardente zelo pela salvação das almas. Desde o começo até o fim de sua vida destacou-se pela humildade, seja como superiora ou mesmo aconselhando aqueles que lhe pediam orientação espiritual. A vida espiritual da beata Ana foi totalmente centrada na vontade de Deus, a quem sempre buscou, amou e serviu com generosa fidelidade.
Morreu em Antuérpia, no dia 7 de junho de 1626, Solenidade da Santíssima Trindade. A cidade ainda hoje mantém viva a memória desta grande Carmelita.
Foi beatificada em 1917, pelo papa Bento XV. Sua festa é celebrada no dia 7 de junho.
Oração
Senhor, grandeza dos humildes, que quisestes fazer brilhar a bem-aventurada Ana de São Bartolomeu pela sua caridade e paciência, concedei-nos, por sua intercessão, seguir a Cristo e amar os irmãos para podermos viver segundo os vossos desígnios. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Pensamentos
"Ah, como me pesa este corpo! Eu estou cansada de cuidar dele. Meu desejo é ver-me livre destas correntes."
"Precioso é o silêncio que dispõe a alma na graça de Deus e, calando, torna-se sábio."
"Ninguém é mais rico, nem mais livre, nem mais poderoso do que quem sabe deixar todas as coisas."
"Para quem ama não existe porta fechada."
"A alma justa corre atrás da sabedoria como os avarentos atrás do ouro e da prata."
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