“Nova criatura” tornou-se Maria Barba, que ofereceu toda a sua vida a Deus no Carmelo, onde recebeu o nome de Maria Cândida da Eucaristia. Da Eucaristia, foi uma autêntica mística; fê-la o centro unificante de toda a existência, seguindo a tradição carmelita, em particular o exemplo de Santa Teresa de Jesus e de São João da Cruz.
Enamorou-se a tal ponto de Jesus eucarístico que sentiu um constante e ardente desejo de ser apóstola incansável da Eucaristia. Tenho a certeza de que, do Céu, a bem-aventurada Maria Cândida continua a ajudar a Igreja, para que cresça na admiração e no amor a este supremo Mistério da nossa fé.
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 21 de março de 2004
Nasceu no dia 16 de Janeiro de 1884, em Catanzaro (Itália), cidade para onde a família, originária de Palermo, se transferiu por um breve período de tempo devido ao trabalho do pai, Pedro Barba, que era Conselheiro do Tribunal de 1ª Instância; foi batizada com o nome de Maria Barba.
Quando a menina completou dois anos, a família retornou para a capital siciliana e ali Maria viveu a sua juventude. Aos quinze anos manifestou a sua vocação religiosa à qual seus pais, apesar de serem profundamente crentes, se opuseram com determinação.
De fato, Maria teve que esperar quase vinte anos para poder realizar a sua aspiração, demonstrando, nestes anos de expectativa e de sofrimento interior, uma força de ânimo surpreendente e uma fidelidade incomum. Depois da morte de sua mãe, seguindo o conselho do Cardeal Alessandro Lualdi, entrou finalmente no Mosteiro das Carmelitas Descalças de Ragusa, a 25 de Setembro de 1919, que tinha surgido havia pouco tempo e era muito pobre.
Maria Barba, sempre estimulada por uma devoção especial ao mistério eucarístico, no qual ela via o mistério da presença sacramental de Deus no mundo, e a concretização do seu amor infinito pelos homens, motivo da nossa confiança plena nas suas promessas, constrói alguns anos mais tarde um novo mosteiro, que ainda hoje existe.
O amor pela Eucaristia manifestou-se nela desde a primeira infância quando, com 10 anos, foi admitida à Primeira Comunhão e a sua maior alegria era poder comungar. Desde então, privar-se da Santa Comunhão tornou-se para ela “uma cruz pesada e angustiante”.
Entrou no Carmelo a 16 de Abril de 1920, onde assumiu o nome – em certos aspectos – profético, de Maria Cândida da Eucaristia. Em 17 de Abril de 1921 pronunciou a profissão simples e a solene no dia 23 de Abril de 1924. Quis “fazer companhia a Jesus no seu estado de Eucaristia quanto mais fosse possível”. Prolongava as suas horas de adoração e, sobretudo, das 23 às 24 horas de cada quinta-feira, prostrava-se diante do Tabernáculo em adoração.
A Eucaristia polarizava verdadeiramente toda a sua vida espiritual, não tanto pelas manifestações devocionais, quanto pela incidência vital da relação da sua alma com Deus.
Seis meses depois da profissão solene, em 10 de Novembro de 1924 foi nomeada pela primeira vez Priora do seu Mosteiro: um cargo que aceitou e uma responsabilidade que desempenhou em sinal de obediência a Deus, com dedicação total e grande seriedade. Durante os três primeiros anos como Priora, revestiu também o cargo de Mestra das noviças.
Maria Cândida consagrou-se a Deus no dia 1 de Novembro de 1927. Desenvolveu plenamente o que ela mesma definia como a sua “vocação pela Eucaristia”, ajudada pela espiritualidade carmelita, na qual se apoiou depois da leitura de “História de uma Alma”. São muito conhecidas as páginas em que Santa Teresa do Menino Jesus descreve a sua especialíssima devoção à Eucaristia e como na Eucaristia a Santa Fundadora experimentasse o mistério fecundo da Humanidade de Cristo.
Durante os anos em que guiou o seu Mosteiro, de 1924 a 1947, infundiu na sua comunidade um profundo amor pela Regra de Santa Teresa do Menino Jesus e contribuiu de modo direto para a expansão do Carmelo Teresiano na Sicília, fundação de Siracusa, e para a reinstituição do ramo masculino da Ordem.
A partir da solenidade do Corpus Domini de 1933, Maria Cândida iniciou a escrever a sua pequena “obra-prima” de espiritualidade eucarística,
“A Eucaristia, verdadeira alegria de espiritualidade vivida”.
O Senhor chamou-a a si, depois de alguns meses de sofrimentos físicos atrozes, no dia 12 de Junho de 1949, na Solenidade da Santíssima Trindade.
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